domingo, 16 de fevereiro de 2014

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28ª Entrevista: Samuel Pimenta (escritor)


Samuel Pimenta

Samuel Pimenta no Lançamento do livro "Geo Metria", na Feira do Livro de Frankfurt (12/10/2013)

Samuel Pimenta nasceu a 26 de Fevereiro de 1990, em Alcanhões. Começou a escrever aos 10 anos de idade. É licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. A sua carreira é pautada por vários sucessos literários, tendo ganho, em 2010, o VI Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus na vertente de Poesia, no Brasil, e em 2012 o Prémio Jovens Criadores, na vertente de Literatura, promovido pelo Governo de Portugal e pelo Clube Português de Artes e Ideias, com o poema “O relógio”. Em 2013, foi homenageado no VI Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora, na Fundação José Saramago, pelo trabalho que tem vindo a desenvolver em prol da Literatura e da Cultura Lusófona, tendo sido nomeado Sócio Honorário do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora. Actualmente, é cronista do site “Rede Regional” e da “Revista ID – Identidade”, além de ser Conselheiro em Portugal da “Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas”, com sede no Brasil, e Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa.

Blogue oficial do autor: http://samuelpimentablog.blogspot.pt/
Página de Facebook oficial do autor: https://www.facebook.com/samuelpimentaescritor 

Qual é a sua nacionalidade: Sou português. Nasci em Alcanhões, uma vila do concelho de Santarém. Sou um filho da Lezíria.
O seu Filme favorito: Tenho imensos filmes favoritos. O último que vi e que entrou na lista foi “Ladies in Lavender”, de Charles Dance. Há qualquer coisa na simplicidade do filme que me fascina, que me detém o olhar.
O seu Livro favorito: Também são imensos. Destaco o último que li e que se tornou num dos livros que tenho como referência: “O Búzio de Cós e Outros Poemas”, de Sophia de Mello Breyner Andresen.
O seu Anime favorito: Não sei se entra na categoria de anime, confesso que sou um leigo nesta matéria, mas é um desenho animado que desde sempre me apaixonou: “A Bela e o Monstro”, da Walt Disney.
O seu Manga favorito: Não tenho.
O seu programa de Entretenimento favorito: Não sou muito de ver programas de entretenimento, mas quando estou a fazer zapping e apanho o programa, fico a ver o Masterchef Australia.
A sua Série de televisão favorita: Neste momento, Downton Abbey.

Foi o vencedor do prémio "Jovens Criadores 2012" com o seu poema "O relógio". Podia contar aos nossos leitores como foi o processo de escrita e de candidatura?
O processo de escrita surgiu depois de saber do prémio, o poema foi escrito para o concurso. Decidi de imediato que iria tentar e pus-me a escrever. Escrevi alguns versos que me soaram estranhos. Depois parei, para ouvir. E surgiram os versos “Odeio o meu/ relógio”. Logo aqui percebi que não era o Samuel enquanto personalidade a expressar-se, era um outro Eu em mim que já tinha identificado noutros poemas, mas ainda sem personalidade vincada. As palavras foram emergindo em catadupa e Lise, o meu outro Eu, ia-se afirmando cada vez mais. Entretanto, chegámos a um ponto em que nos encontrámos e percebi que o poema já não era escrito só por Lise, era escrito a duas mãos. A dado momento, as duas mãos fundiram-se. E nasceu “O relógio”. Foi estranho, confesso, mas estes fenómenos são comuns entre quem cria, vim mais tarde a perceber. Todos somos seres multidimensionais, não temos é consciência disso. Terminado o poema, treze páginas A4, enviei-o para o Clube Português de Artes e Ideias e, sensivelmente um mês depois, recebo a notícia de que tinha sido um dos premiados. A alegria foi imensa. Soube a um Sábado, dia 20 de Outubro de 2012, lembro-me perfeitamente. Liguei aos meus pais, que vivem em Alcanhões, eu estava em Lisboa. Depois, peguei em alguns amigos e fomos festejar para o Bairro Alto. Que sítio melhor para festejar um prémio literário? Ahahah!

Esperava alcançar todos estes prémios?
Quando escrevo, não estou a pensar que vou ganhar prémios. Escrevo porque tenho algo a dizer. Os prémios dão-me alento, confesso. Sabe bem sentir todo o reconhecimento que os prémios acarretam. É como se me dissessem “percebemos o que queres dizer, continua”. O acto de criar é um trabalho tão solitário… Maravilhoso. Doloroso também. Mas solitário.

Quando estava a ler a sua obra, vinha-me Fernando Pessoa à cabeça. Tem algum poeta que o inspire?
São tantos os poetas que me inspiram… Não me surpreende que se tenha lembrado de Fernando Pessoa, ele está lá de alguma forma, assim como está toda a experiência do que li e do que vivenciei até escrever “O relógio”. Acredito que TUDO nos influencia no acto de criar, porque criar é um acto que vem do movimento natural da vida, a Arte é Vida. Logo, tudo o que vivencio, seja através da leitura, do pensamento ou das minhas relações sociais e com o mundo, influencia-me.

Nas primeiras páginas do seu livro, fala na forma como, por vezes, cruza caminhos com Lise, a "entidade" que, aos seus olhos, concedeu "O relógio". Quando escreve, é Lise que "tomas as rédeas" ou já sentiu que se “transformava” de outras formas? 
Já senti outros eus ao escrever, mas sem a personalidade tão vincada como aconteceu com a Lise. De momento, isso não acontece, mas pode voltar a acontecer, não se controla. Confesso que não perco muito tempo a pensar sobre isso.

Na sua página vêem-se outras poesias escritas por si. Pensa no futuro vir a editar um livro de outro estilo? 
O primeiro livro de poesia que publiquei na minha vida não foi “O relógio”, foi “Geo Metria”, no Brasil. “O relógio” é o meu primeiro em Portugal. “Geo Metria”, que será publicado em breve pela editora Livros de Ontem, em Portugal, tem um registo totalmente diferente de “O relógio”. Além disso, já tenho algumas participações em colectâneas de contos. Portanto, sim, quero poder experimentar todos os estilos e registos literários quanto assim o meu ser o entenda.

Em todas as nossas entrevistas pedimos à pessoa entrevistada para deixar uma pergunta para a próxima pessoa a entrevistar. No seu caso, foi o autor William Landay que lhe deixou uma pergunta. A pergunta foi:
At the end of your life, what would you like people to say about your books or your writing? How would you like to be remembered as an artist? 
Gostaria de ser lembrado como um ser livre e feliz. No fundo, é isso que eu sou e que o meu trabalho artístico procura. A busca pela liberdade plena e pela beleza em estado puro.

Agora é a sua vez... Pedimos-lhe para deixar uma pergunta ao próximo entrevistado, mesmo sem saber de quem se trata: “O que é que a sua voz tem a dizer?”

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