sábado, 23 de agosto de 2014

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70ª Entrevista do FLAMES: Miura (banda portuguesa) no Fusing Culture Experience 2014


Miura 


No Fusing revi bandas que adoro... e conheci novas. Quando eu pensava que não havia música de rock mais "pesado", eis que vejo "o túnel, vejo a luz" e aparecem os Miura. 
Ritmos potentes e letras aguçadas... rock poderoso cantado em português, assim se apresentaram à 2ª edição do Fusing. 
Eles não querem ainda falar em sucesso, mas eu bato o pé e digo que não! Tendo começado em 2012 e já espalhados pelas redes sociais e com um EP fabuloso gravado, têm tudo para se lançarem em grande, e tenho a certeza de que o irão fazer. Espreitem o que nos contaram...

Na foto: Nelson Afonso, Nuno Maques, Roberta Frontini e Luís Saraiva

Vocês estão a tocar em casa, e esta é "a vossa praia"! Isto aumenta-vos a responsabilidade de representar a vossa cidade in loco, ou faz-vos sentir mais relaxados?

Nelson - Eu acho que a responsabilidade é sempre a mesma não é? É um espectáculo ao vivo onde nós teremos de mostrar às pessoas o nosso valor e a nossa música. Talvez sinta um pouco mais de responsabilidade, de facto, por estarmos em casa.    

Nuno - Queremos representar bem a Figueira da Foz a nível de música. Todos nós já fizemos parte de outros projectos na Figueira. De alguma forma queremos mostrar o que se faz na Figueira a nível da música. Talvez seja essa a nossa responsabilidade: mostrar que na Figueira existem bons projectos e existe boa música que pode dar que falar. É um bocadinho por aí, mas é como o Nelson disse, responsabilidade de dar um bom espectáculo. 

Vocês sentem que o trabalho que fizeram nos outros projecto se revê nos Miura ou não?

Nelson - Claro, claro que se vai fazer sentir.  

Luís - Mesmo em termos de comparações...

Nelson - Sim, comparações. Em termos de irmos buscar ideias ou irmos beber àquilo que fizemos nos outros projectos, isso eu só posso mesmo falar no meu caso: é sempre difícil porque sou o vocalista, é sempre difícil que as pessoas se abstraiam daquilo que eu fazia antes. Mas de facto, como viemos de projectos diferentes, cada qual acabou por ir beber um bocadinho aos seus anteriores projectos, e isso trouxe uma componente mais técnica. 

Nuno - Tentámos importar o que de melhor cada um fazia nos outros projectos, em prol de Miura. Nós somos os Miura, e cada um dá um pouco do seu cunho e efectivamente isso acaba por estar associado às vivências que cada um teve nos outros projectos. 

Nelson - Cada um tem a sua identidade... por mais que nós queiramos fugir isso acaba sempre por emergir. Especialmente quando se é músico e se toca um instrumento. É muito difícil desassociarmo-nos daquilo que nós já fizemos.     

E vocês sentem que, por vezes, ainda vos associam aos vossos antigos projectos, ou já não? 

Nelson - No início, logo no primeiro concerto, ainda houve um pouco aquela coisa...

Luís - Sim, aqui na zona sim.. e mesmo na zona Centro. A banda Hand Puppets ainda chegou longe. Aqui na zona da Figueira foi, talvez, das bandas que maior projecção exterior teve, e pertence a uma geração um bocado mais velha...  Obviamente que no primeiro concerto associaram a banda logo aos Hand Puppets. Eu era fã deles quando era miúdo, agora a diferença de idades não se nota tanto, mas na altura eu era mais pequeno.

(Risos)

Luís - Eu era fã, estava lá sempre à frente na primeira fila. Hoje em dia é um orgulho fazer parte desta banda.

Como é que foi isso? Vê-los, ser fã... e depois acabar por integrar a própria banda?

Luís - Olha, o Calhau não está aqui, mas ele também era um dos que estava sempre ali à frente. Epá, hoje é normal, o trato é completamente normal, mas na altura o impacto era grande. Um tipo ía para os concertos deles e pensávamos "bolas.. nós íamos vê-los, e agora..." e curtíamos bué, na altura era um "bandão"!  

Que engraçado..! Vocês começaram em 2012 e foram à primeira edição do Fusing... estão cá outra vez... estavam à espera de um sucesso assim tão rápido?

Nelson - Eu acho que ainda não houve sucesso...

Nuno - Estamos a começar...

Mas vocês já estiveram aqui... já foram a alguns lados.. inclusivamente estiveram na RUC...

Nuno - Sim, mas isso porque estamos numa altura de promoção do nosso trabalho! Mas esse trabalho ainda está muito focado em nós. Contamos, a curto prazo, poder contar com uma agência que possa fazer esse trabalho promocional connosco. Todo o investimento até agora foi feito por nós. A gravação do EP, a gravação do vídeo. Toda a parte gráfica associada à banda... o merchandising está todo a ser suportado por nós. E o merchandising neste momento está a acontecer devido a uma parceria com a Janga. A Janga é uma marca da Figueira... estamos a promover-nos... para que o nosso trabalho consiga atingir um maior número de pessoas. Se isto é sucesso, estamos muito longe daquilo que é o nosso ideal de sucesso para nós. Nós queremos estar em bons palcos, e ainda não tivemos oportunidades para isso. Esperamos no futuro estar em bons eventos e pisar bons palcos e aí dar-nos a conhecer..

Porquê este nome para a vossa banda?

Nelson - Miura é uma raça de touros.. é uma mistura de várias raças. É um touro da zona da Andaluzia. O touro é um animal imponente e forte. Então quisemos associá-lo à nossa música que também tem uma componente muito forte, musculada, com uma atitude também bastante vincada. Achámos que o nome se associava bem.

Nuno - Foi engraçado e achámos que se associava bem àquilo que a música queria transmitir.

Já vos aconteceu alguma situação caricata quando estavam a tocar em algum lado?

Luís - Nelson... tu é que deves ter para aí algumas belas histórias...

Nelson - Opá.. uma vez no meio de um concerto, mesmo à frente, estava uma rapariga com um top aos saltos. Às tantas o top saltou-lhe, e ela não sabia, e continuou ali  numa boa... acho que foi a melhor coisa que me aconteceu.

(Risos)...

Nelson - Sei lá... Olha.. já caí num palco... já me enterrei todo...

O quê? Enterrar num palco?? Já te aconteceu?

Nelson - Sim sim, já!

(Risos)

Nuno - Neste projecto é tudo muito recente. Apresentámos este projecto em Junho de 2013. Fizemos um concerto na Figueira para nos apresentarmos à cidade. Portanto fez em Junho 1 ano que demos o nosso primeiro concerto. Isso depois também foi-nos fazendo criar objectivos. Por exemplo - gravar o EP. No fundo, fomos fazendo as coisas conforme ia-mos evoluindo... Gravámos o EP. Depois sentimos o feedback das pessoas e pensámos: Ok, vamos investir no vídeo. Em termos de estrada ainda temos muito caminho a percorrer, mas precisamos desse material promocional para começar a dar-nos a conhecer. Era essencial ter o EP e ter o vídeo. Neste momento temos isso tudo, temos a colaboração com a Janga, temos a eminência de estar com uma agência, e isso tudo - esperamos nós - poderá dar-nos a possibilidade de termos palcos e assim talvez tenhamos muitas situações caricatas para te contar. Que venham muitas, no bom sentido!        

Vocês já viram o cartaz? Têm curiosidade para ver alguma banda? Vão fazê-lo?

Luís - Ontem vi Primitive Reason... do cartaz foi o que me chamou mais à atenção, e nunca tinha visto ao vivo. Na minha opinião, ontem eles foram os melhores em palco. Puseram o festival a mexer e a malta bem disposta. Isto, fazendo o paralelo com o nosso projecto, hoje em dia sentimos que as coisas são pouco orgânicas. Há muita digitalização no meio disto. Agora as coisas são todas muito experimentais. Nós quisemos ir um bocadinho àquilo que se fazia antes...

Nelson - Ir à raiz...

Luís - Uma coisa orgânica, simples, cantado em português a mensagem chega facilmente. As letras estão ao alcance de qualquer pessoa, e as pessoas podem tirar a ilação que quiserem... Não vemos o porquê de não conseguirmos chegar onde queremos. Nós queremos marcar um bocadinho a diferença também nesse aspecto. O Festival reflecte isso mesmo.. o que há aqui é tudo muito similar.. estilos muito parecidos. Confesso que não é muito a minha onda, é tudo um bocadinho menos violento do que aquilo que eu ouço... Mas também sou apreciador de música, e gosto de ver bons concertos. Estou curioso de ver Dead Combo, Legendary Tigerman, vamos ver se superam os Primitive Reason, mas na minha opinião os Primitive Reason foram mesmo os melhores.  

Nelson - Eu por acaso, fazendo uma análise da noite de ontem, estava muito curioso por ouvir e ver ao vivo You Can't Win Charlie Brown. Gostei bastante. Gostei de Sensible Soccers, foram muito bons. A noite estava um bocado fria e ventosa, e acho que isso não ajudou muito as bandas. Mas o cartaz tem nomes de bandas sonantes no panorama musical português, e claro, tem Legendary Tigerman, Paus, Norton, peixe : avião. Estou bastante curioso por ver peixe : avião, Capitão Fausto, são as bandas que agora andam aí a passar, e claro, para nós é sempre bom ouvir o que é que se anda a fazer por cá.

Vocês acham que o facto de cantarem em português vos pode limitar, pode não vos ajudar ou pelo contrário pode chegar a mais pessoas?

Nuno - Ao início, inconscientemente, estabelecemos um objectivo. Se calhar, todos nós, nos outros projectos que tínhamos, tínhamos outros objectivos, os outros até eram cantados em inglês, e se calhar houve sempre aquele sonho de se fazerem tournées europeias. Fazer com que o som chegasse o mais longe possível. Hoje em dia, face talvez às responsabilidade que todos nós temos, a nível profissional por exemplo, acho que esse objectivo não entrou numa forma consciente. Nós pensámos: Ok vamos focar-nos em Portugal, fazer chegar o nosso som a bons eventos portugueses, depois também se lançou esse desafio. Veio um bocado da parte do Nelson também... Ao escrever em português também estamos a conseguir chegar a um público menos restrito. Ou seja, tanto chegamos a um público mais jovem, como a um público mais velho. E isso é bom, eu sou suspeito, mas acho que as letras estão muito bem feitas, qualquer pessoa se consegue rever na mensagem que se quer passar, e as pessoas identificam-se, mesmo em gerações diferentes. E isso é bom!

Nelson - E acontece outra coisa.. tendo em conta o tipo de música que fazemos, se nos vissem a cantar em inglês iriam dizer "olha, é mais uma".. em português já é diferente. E estamos completamente "despidos", não há aquela máscara que existe quando se canta em inglês. Em português nós estamos despidos. As pessoas conhecem a nossa língua e percebem logo à primeira. Por exemplo, a minha sobrinha, uma delas só tem 8 anitos e sabe os refrões, se fosse em inglês ela não ía decorar nem ía compreender. O objectivo ao termos um projecto em português foi esse. Como o Nuno referiu foi tentar abranger um público mais vasto e ser mais directo.

A capa do vosso CD está brutal. Vocês participaram na concepção do mesmo?  

Nuno - Sim, o design da capa foi todo idealizado por nós, mas a concepção ficou a cargo da minha empresa.


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