domingo, 5 de outubro de 2014

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82ª Entrevista FLAMES: Alberto S. Santos (escritor português)


Alberto S. Santos 


Alberto S. Santos é um escritor multifacetando, com uma grande paixão pelo mundo árabe, como se pode notar no seu romance histórico “A Profecia de Istambul”. Nasceu em 1967, é licenciado em Direito, desempenhou funções públicas, voltou à advocacia, depois de um interregno de 12 anos. Já escreveu 3 livros: “A Escrava de Córdova”, “A Profecia de Istambul” e “O Segredo de Compostela”, e esperemos que a escrita continue para podermos encher as nossas estantes com as suas magníficas obras. 
Foi na 84ª Feira do Livro de Lisboa que tivemos a oportunidade de o conhecer, e agora é a vossa vez de saber mais um pouco sobre ele através desta entrevista…

Filme favorito: "Blue Velvet"
Livro favorito: “Os Maias” de Eça de Queirós
Anime favorito: Dragon Ball Z
Manga favorito: Não tenho
Espetáculo favorito: Um espectáculo que fui ver no Theatro Circo em Braga – Antony and The Johnsons
Série de televisão favorita: A versão original da novela “Gabriela”

É notória a sua paixão pelo mundo árabe. É um interesse recente ou sempre gostou? 
R: É um interesse que venho acompanhando ao longo da minha existência. Interessam-me as culturas do outro para melhor compreender a minha. No caso do mundo árabe e do Islão, o interesse ressalta para a atualidade, pois a investigação e escrita ajudam-me a compreender e a dar a conhecer questões que, hoje, tanto nos surpreendem como inquietam. 

Sabemos que gosta de escrever sobre aqueles heróis que muitas vezes são esquecidos, mas que merecem todo o nosso reconhecimento. É algo que partilha com autores como Richard Zimler e que achamos extremamente importante. É aliás um dos motivos que nos faz gostar tanto das vossas obras. Que outros heróis desconhecidos e histórias fantásticas deambulam na sua cabeça neste momento e que está a pensar colocar no papel? Pode levantar o véu sobre algo? 
R: Há vários. Compreenderá que eles ainda vivam no limbo de quem, um dia, lhes dará vida, pois muitos dos seus destinos não estão ainda traçados. Mas, o fascínio pelas vidas prodigiosas dos nossos antepassados desconhecidos, que algum contributo deram ao país ou à Humanidade, será o combustível para futuras histórias.

Existem vários livros sobre a Inquisição e tantos outros sobre o mundo árabe, mas nem sempre encontramos livros que abarcam os dois. Nesse sentido o seu livro “A Profecia de Istambul” é bastante original. Como surgiu a ideia de juntar estes dois mundos neste livro?
R: Aparentemente parecia inconciliável a ligação da Inquisição ao mundo islâmico. Mas, infelizmente, Inquisições existiram, e existem, em todos os tempos e civilizações. No caso concreto de “A Profecia de Istambul”, cruzam-se três séculos separados entre si com a expressão da barbárie, por motivos religiosos, políticos ou étnicos. Embora o foco principal, se prenda com a temática dos renegados, gente simples que era apanhada pelos corsários berberes, ou nas guerras do Norte de África e que, se não declarassem que renegavam a fé cristã e se convertiam ao Islão eram supliciados, mortos ou escravizados. E, quando voltavam a ser apanhados pelos reinos cristãos, eram novamente supliciados ou mortos, por terem renegado anteriormente a sua fé cristã. Triste sina a desta gente. 

Que diferenças podem os seus leitores encontrar entre os seus 3 livros “A escrava de Córdova”, “A profecia de Istambul” e “O segredo de Compostela”? 
R: São obras diferentes, de épocas distintas: Sec. X, Sec. XVI e Sec. IV. Ajudam a dar uma perspetiva do nosso passado, em momentos e espaços menos conhecidos. Mas em todos encontrarão os condimentos de um romance e do borbulhar da condição humana, transversal a todas as épocas. Também os pontos onde podem assentar as bases da tolerância e do respeito por quem pensa ou crê de forma diferente, podem ser pistas de partida ou de chegada nessas três obras. 

Penafiel é uma cidade que tem um olhar cultural muito forte. Acreditamos que o seu cunho pessoal, nesse caso, terá aqui um papel muito importante. Que eventos estão agendados para os próximos tempos relacionados com a cultura? 
R: Embora tenha já deixado funções públicas executivas, destaco a “Escritaria” (entre 1 e 5 de outubro), este ano dedicada à vida e obra de Lídia Jorge. Vai ser, com certeza, um momento cultural de muitos afetos com a autora e com o seu imaginário. 

Teve de fazer uma grande pesquisa para a escrita dos seus livros, especialmente sobre as torturas da Inquisição no livro “A Profecia de Istambul”. Ainda hoje se surpreende com a crueldade dessa altura? 
R: Não muito. Basta ligar a televisão para assistirmos em direto à barbárie, oriunda dos quatro cantos do mundo.

Obrigada ao autor pela disponibilidade e simpatia que tem sempre para com o FLAMES :) 

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